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sábado, 19 de março de 2011

N'ÁGUA


FOTO BY MARIA CELESTE - QUANDU

Um comentário:

  1. Intróito
    Como uma casa velha, gemo...
    Traçados nas paredes,
    pinturas desfeitas no tempo!

    Epílogo
    Sou uma casa velha
    desbotada do tempo passado.
    Paredes em ruínas,
    lodo salpicado nos muros,
    desenhos disformes nos terraços.
    Portas com rangidos do vento que passa,
    janelas enegrecidas dos asfaltos,
    ferrolhos travados, persianas mudas
    jardins desfeitos, quintais desfraldados...

    Sou uma casa velha
    destelhada e murcha!
    Sem cor, esmaecida de amanheceres tardios.
    Sem novidade, envolta nas madrugadas veladas.
    Sem música, esquecida dos gritinhos e risadas calados de crianças crescidas...

    Sou uma casa velha...
    Sou uma alma velha...
    Casa e alma entremeadas nos sonhos que passam
    de olhos e janelas semi-abertos.
    Como uma casa velha,
    estremeço a cada onda de vazios que me assalta!
    Como uma alma velha,
    adormeço nas contas de rosário que entre dedos se me passam.

    Sou velha, uma casa sem alma, uma alma velha...
    À espera do que é o destino de todas as construções... vir a pó!!!
    Abrir lugares aos novos!
    Retirar-se em fotografias pintadas a sono e tédio -
    Imagens meio sépias de uma alma sem casa
    nem mesmo que seja uma velha e triste casa.

    Feliz Aniversário!
    Vanessa, 6/abril/2011.

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