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OS DIAS SÃO À NOITE - MADREDEUS
Os dias são à noite
E as noites são de dia
Se acordo
Contigo
A mim abraçado
O sono perdido
Não deixa cuidado
Os dias são à noite
E as noites são de dia
Se acordo
Contigo
Se estou a teu lado
É doce o caminho
Deste meu fado
Os dias são à noite
E as noites são de dia -
O SONHO - MADREDEUS
Quem contar
Um sonho que sonhou
Não conta tudo o que encontrou
Contar um sonho é proibido
Eu sonhei
Um sonho com amor
E uma janela e uma flor
Uma fonte de água e o meu amigo
E não havia mais nada...
Só nós, a luz, e mais nada...
Ali morou o amor
(amor),
Amor que trago em segredo
Num sonho que não vou contar
E cada dia é mais sentido
Amor,
Eu tenho amor bem escondido
Num sonho que não sei contar
E guardarei sempre comigo -
O PASTOR - MADREDEUS (OS MAIAS)
Ai que ninguém volta
ao que já deixou
ninguém larga a grande roda
ninguém sabe onde é que andou
Ai que ninguém lembra
nem o que sonhou
(e) aquele menino canta
a cantiga do pastor
Ao largo
ainda arde
a barca
da fantasia
e o meu sonho acaba tarde
deixa a alma de vigia
Ao largo
ainda arde
a barca
da fantasia
e o meu sonho acaba tarde
acordar é que eu não queria. -
O PARAÍSO - MADREDEUS
Subi a escada de papelão
Imaginada
Invocação
Não leva a nada
Não leva não
É só uma escada de papelão
Há outra entrada no Paraíso
Mais apertada
Mais sim senhor
Foi inventada
Por um anão
E está guardada
Por um dragão
Eu só conheço
Esse caminho
Do Paraíso -
O OLHAR - MADREDEUS
Olha para mim
Nos olhos
Agora
Olha para mim
Sereno
Olhar
Anda ver aqui
Nos olhos
O mar
Vem partir na sensação
De que vamos viajar
Só nós dois na ilusão
De tanto amar
Vem daí com tua mão
Que eu quero acarinhar
Vem contar-me essa visão
Do teu olhar -
O MAR - MADREDEUS
Não é nenhum poema
o que vos vou dizer
Nem sei se vale a pena
tentar-vos descrever
O mar
O mar
E eu aqui fui ficando
só para O poder ver
E fui envelhecendo
sem nunca O perceber
O Mar
O mar -
O LABIRINTO PARADO - MADREDEUS
Perdi-me num labirinto de saudade
Senti
À montanha
Dos sítios que não mudam
Subi
E ao abismo
Do vertiginoso futuro
Desci
Procurei para o sol
Procurei para o mar
Mas sem ti
No céu da paisagem daqui
Afinal não saí
Mas sem ti
No céu da paisagem
Perdi
A noção da viagem
Na pedra já mais que branda da memória,
Escrevi
Com o tempo
que o musgo vai levando a crescer
Com o brilho que a esperança nos faz
no olhar
Escrevi
Que a saudade é prima afastada do vagar
Mas sem ti
No céu da paisagem
Perdi
A noção da viagem
Mas sem ti
No céu da paisagem
Daqui
Afinal não saí
Mas sem ti
No céu da paisagem
Perdi
A noção da viagem -
O FIM DA ESTRADA - MADREDEUS
Quem será que vai me acompanhar
Quando o fim da estrada enfim chegar
Que será que vou achar
Alguém quer adivinhar
Quando a certeza for em vão
uns estão à vontade e outros não
Amanhã
Amanhã
Quem me conta o amanhã
Amanhã
Amanhã
Só vou saber amanhã
Uns vão à vontade e outros não
oiçam o que diz esta canção
- Quem virá ser o meu par ?
- Alguém quer adivinhar ?
Tenho uma pergunta para fazer,
Uma só pergunta para fazer
Amanhã
Amanhã
Quem me conta o amanhã
Amanhã
Amanhã
Só vou saber amanhã
Quem será que vai m’acompanhar
Quando o fim da estrada enfim chegar -
O CAIS DISTANTE - MADREDEUS
Que fado ou sorte
Me enleia assim
Como se fossem todos iguais
Os dias para mim
No cais distante
Sou toda a espera
Perdi as noites no mar
Mas sem te avistar
Não duram mais
Que uma quimera
Cruzei desertos
Mas não te vi
Campos, cercados
Trilhos incertos p'los quais me perdi
Por onde errei
Como o céu em fundo
Vivi enganos e desvarios
Nos oceanos ermos e frios
Sómente achei
O sal do mundo
Na tua ausência me consome não saber
Se um dia virás
E tu bem sabes como as horas da saudade
Parecem punhais
Mas nunca é tarde
Para te chamar
No mar, errante,
Por onde vais -
NÃO MUITO DISTANTE - MADREDEUS
Eu queria mais alegria,
Isso é que eu queria,
Alegria a correr todo o ano
Era só isso que eu queria, mais alegria,
Mas não foi, não foi bem, o meu caso
É que eu também já sabia,
Eu já sabia,
Já sabia qual era o engano
É que eu não tive o que eu queria, quando podia,
E depois, mais alguém, nunca mais
Disse-me um dia, não muito distante
Volta num dia, não muito distante
Quem sentiu o que eu sentia, quando partia,
E partia levando o encanto
Fica a saber que eu choro, por tanta alegria
Como eu sei, sei tão bem, e não tive
Disse-me um dia, não muito distante
Volta num dia, não muito distante
E eu disse um dia, não muito distante
Disse-lhe um dia, não muito distante -
MILAGRE - MADREDEUS
É grande o silêncio
aguardo o milagre
chegas amor finalmente,
o meu amor, mesmo tarde
e vou livremente,
contigo a meu lado
tenho o meu mundo contente
neste sonhar acordado
- onde esta a tua voz, quero ouvir a tua voz...
- onde esta a tua voz, quero ouvir a tua voz...
o desejo pretende,
louvar a saudade,
a tua voz anda ausente,
e eu estar contigo é milagre -
GUITARRA - MADREDEUS
Quando uma guitarra trina
nas mãos de um bom tocador
a própria guitarra ensina
a cantar seja quem for
eu quero que o meu caixão
tenha uma forma bizarra
a forma de um coração
a forma de uma guitarra
guitarra, guitarra querida
eu venho chorar contigo
sinto mais suave a vida
quando tu choras comigo -
ECOS NA CATEDRAL - MADREDEUS
Os teus olhos são vitrais
Que mudam de cor com o céu
E quando sorriem, iguais...
E quando sorriem, iguais...
Quem muda de cor sou eu
Tomara teus olhos vissem
O amor que trago por ti
Nem o entardecer me acalma...
Nem o entardecer me acalma...
Na ânsia de te ter aqui
E o teu perfume, o incenso
Os ecos de uma oração
Misturam-se num esboço imenso
Afogam-se na solidão
Fui para um templo de pedra
Escolhi um recanto isolado
Que me faça esquecer tua voz...
Esquecer-me da tua voz...
Que me faça acordar do passado
Escondida em sítio sagrado
E não me apetece o perdão
Devo estar enfeitiçada
Náufrago do coração
E o teu perfume, o incenso
Os ecos de uma oração
Misturam-se num esboço imenso
Afogam-se na solidão
Não sei se perdoo o meu fado
Não sei se consigo enfim
Um dia esquecer que teus olhos
Sorriem, mas não para mim -
DESTINO - MADREDEUS
Águas paradas
Claro luar
um quase nada
muito melhor
Nesta viagem que comecei
Grave miragem a mim chamei
Se foi meu destino
contar uma história tão breve
e longo o caminho
mas a alma quer
Se foi meu destino
Cantar com uma voz que me chora
e longo o caminho
mas a alma adora -
CLARIDADE - MADREDEUS
Suave e calma sei
Na claridade do céu vem
a luz do Sol
Breve,
Qual,
um pensamento, sempre igual...
E é tão fácil assim confirmar
o tão grande tormento
que nos faz andar em constante questão.
- Quantas são as liberdades que nos dão?
Quantas perguntas graves vão ser encontradas
Quantos vão
de mãos atadas
viver sempre em causa
causas abraçadas
perdendo essa luz
que se esconde atrás
duma
Suave e calma claridade
escondendo a luz à vontade
- Doce e calma claridade
escondes a luz à vontade
Suave e calma sei
na claridade do Sol vem...
-Quantas perguntas graves vão
[ser encontradas?
-Quantas vão, de mãos atadas viver
[sempre em causa
causas abraçadas
Perdendo essa luz que se esconde atrás
duma
Suave e calma claridade
escondendo a luz à vontade
- Doce e calma claridade
escondes a luz à vontade -
CÉU DA MOURARIA - MADREDEUS
Quando Lisboa acordar
Do sono antigo que é seu,
Hei-de ser eu a cantar,
Que eu tenho um recado só meu.
Céu da Mouraria... ouve,
Vai chegar o dia novo!
E o sol, das madrugadas todas,
Névoa de um povo a sonhar,
Os teus mistérios, Lisboa,
São, as pombas que ainda há... -
CARTA PARA TI - MADREDEUS
Fico
Para ti
Como sou
Aqui espero
Desespero
Como era
Sou quem era
Foi assim
Foi no tempo que passou
Foi sentir o teu olhar
Por mim fica quem já me chamou
Assim
Era
Para ti
Como sou
É o tempo
Que lamento
Vou esperar
Não vou esquecer
Foi assim
Que o tempo parou
Num lugar em mim
Que p´ra ti ficou
Estou aqui
No desejo
Do que vi
Do que vejo
Quero saber de ti
P´ra voltar a ver
Em mim o que vi
E não vou esquecer
Estou aqui
No desejo
Do que vi
Do que vejo
Fico
Para ti
Como sou -
AS PALAVRAS AUSENTES - MADREDEUS
Junto a ti
É que eu aprendi
A deixar ficar o silêncio
as palavras ausentes
Foi assim
Aprendi assim
Que é bom ficar em silêncio
Quando o amor, manda
Ai, é a saudade quem fala assim
É o amor que se ouve assim
Neste silêncio em que eu descobri
Que é bom ficar junto a ti
Foi assim
Aprendi assim
A deixar ficar o silêncio
As palavras ausentes
Ai, é a saudade quem fala assim
É o amor que se ouve assim
Neste silêncio em que eu descobri
Que é bom ficar junto a ti
Neste silêncio em que eu aprendi
A ficar bem junto a ti
Neste silêncio que descobri
Quando estou bem junto a ti -
AO LONGE O MAR - MADREDEUS
Porto calmo de abrigo
De um futuro maior
Inda não está perdido
No presente temor
Não faz muito sentido
Já não esperar o melhor
Vem da névoa saindo
A promessa anterior
Quando avistei
Ao longe o mar
Ali fiquei
Parada a olhar
Sim, eu canto a vontade
Canto o teu despertar
E abraçando a saudade
Canto o tempo a passar
Quando avistei
Ao longe o mar
Ali fiquei
Parada a olhar
Quando avistei
Ao longe o mar
Sem querer deixei-me
Ali ficar -
AJUDA - MADREDEUS
(...)
Sou assim
Sou este mistério
Maoir que tudo
Que acontece
No meu Mundo
Vontade
Mistério
Verdade
Ajuda
A Cantar
Lá vou nesta terra
Ao Meio do Mundo
E amanhece
O Futuro -
AINDA - MADREDEUS
Vou dizendo
Certas coisas
Vou sabendo
Certas outras
São verdades
São procuras
Amizades
Aventuras
Quem alcança
Mora longe
Da mudança
Do seu nome
Alegria
Vã tristeza
Fantasia
Incerteza
São verdades
São procuras
Amizades
Aventuras
Quem avança
Guarda o amor
Guarda a esperança
Sem favor
Ainda
Ainda
Ainda
Ainda -
AFINAL, A MINHA CANÇÃO - MADREDEUS
Afinal deixei
A terra natal
E cantando andei
Menos mal
Se calhar mudei
Bem sei
Que não fiquei
Igual
Tanto que passei
Tão longe daí
Que em mim um país
Construí
E assim foi melhor
Porque
Não senti o medo
E a minha canção
Lá deixava ouvir
O vento no mar
O mar a bramir
À minha canção
Chegava
Esse mar
Que eu canto
Lá por onde andei
Nem julgo saber
A viagem é
Um só lugar
Mas onde eu cantei
Ficava
Um sabor
A sal
Houve até um dia
Em que imaginei
Que sempre que eu vinha
Cantar
Vinha a maresia
Boa
Para me ajudar
E a minha canção
Lá deixava ouvir
O vento no mar
O mar a bramir
À minha canção
Chegava
esse mar que eu canto
E a minha canção
Lá deixava ouvir
O vento no mar
O mar a bramir
Na minha canção
Morava esse mar que eu canto -
ADORO LISBOA - MADREDEUS
Lisboa tem histórias de reis,
De mares e de selvas
Lisboa tem histórias de hotéis,
De espiões e de guerras
Lisboa tem lendas de heróis,
Princesas, donzelas
Lisboa tem lendas do cais,
Do fado e navalhas;
Lisboa tem a tradição,
Dos bairros antigos
Vinho e saridnhas no verão
à beira do rio
Lisboa tem os rés-do-chão
E as altas mansardas
E há que descer e subir
Por estreitas escadas
Adoro Lisboa,
Eu quero-lhe bem,
Gosto de ver as gaivotas nos céus de Belém.
Adoro Lisboa,
E as histórias que tem
E sei que há muita gente
Que adora também -
A VACA DE FOGO - MADREDEUS
À porta daquela igreja
Vai um grande corropio
À porta daquela igreja
Vai um grande corropio
Às voltas de uma coisa velha
Reina grande confusão
Às voltas de uma coisa velha
Reina grande confusão
Os putos já fogem dela
Deitam fogo a rebentar
Os putos já fogem dela
Deitam fogo a rebentar
Soltaram uma vaca em chamas
Com um homem a guiar
Soltaram uma vaca em chamas
Com um homem a guiar
São voltas
Ai amor são voltas
São as voltas
São as voltas da maralha
Ai são voltas
Ai amor são voltas
São as voltas da canalha
Ai são voltas
Sete voltas
São as voltas da maralha
Ai são voltas
Sete voltas
São as voltas da canalha
À porta daquela igreja
Vive o ser tradicional
À porta daquela igreja
Vive o ser tradicional
Às voltas de uma coisa velha
E não muda a condição
Às voltas de uma coisa velha
E não muda a condição
À porta daquela igreja
Vai um grande corropio
À porta daquela igreja
Vai um grande corropio
Às voltas de uma coisa velha
Reina grande confusão
Às voltas de uma coisa velha
Reina grande confusão
São voltas
Ai amor são voltas
São as voltas
São as voltas da maralha
Ai são voltas
Ai amor são voltas
São as voltas da canalha
Ai são voltas
Sete voltas
São as voltas da maralha
Ai são voltas
Sete voltas
São as voltas da canalha -
A TEMPESTADE - MADREDEUS
A grande nuvem escura vai-se embora
Dissolve-se a loucura da tormenta
A maré recua agora plana e lenta
As gaivotas largam terra sem demora
Sobrevoam sem ruído o seu rochedo
De tanta vaga e espuma já dormente
Enquanto o sol que brilha novamente
Lá beija a areia toda já sem medo
Fui ver
Fui ver
A tempestade
Vim a correr
Fui ver
Fui ver
A tempestade
Vim-te dizer
Destroços de madeira na corrente
Deixam ver o que em tempos foi uma proa
Pintada de carinho e muitas côres
Ao estilo desta nossa boa gente
Fica o drama dos que esperam na falésia
Por quem deus já destinou à eternidade
E é lição que contra deus não há vontade
Fica a fúria calma da grande saudade -
A SOMBRA (À MEMÓRIA DE ANTONIO VARIAÇÕES) - MADREDEUS
Anda pela noite só
Um capote errante, ai ai
E uma sombra negra cai, em redor
Do homem no cais
Das ruas antigas vem
Um cantar distante ai'ai
E ninguém das casas sai, por temor
De uns passos no cais
Se eu cair ao mar, quem me salvará
Lalalala...
Que eu não tenho amigos, quem é que será,
Lalalala...
Ai a solidão, que não andas só.
Lalalala...
Anda lá à vontade, mas de mim tem dó...
Cantar, sempre cantou
Jamais esteve ausente, ai ai
E uma vela branca vai, por amor
Largar pela noite -
OS SENHORES DA GUERRA - MADREDEUS
Lá fora estão os Senhores da guerra
E cantam já hinos de vitória
Qual é a história desta terra?
É o medo
Ali mesmo
Cá dentro estão os homens à espera
Unidos no destino da terra
Já não há memória de paz na Terra
E o medo
Ali mesmo
Ó terra
Mais um dia a nascer
Ai, é menos um dia a perder
É tão pouca a glória duma guerra
E os homens que fazem as vitórias
Já não há memória de paz na terra
E o medo
Ali mesmo
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quarta-feira, 16 de março de 2011
MADREDEUS
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