Diário do Nordeste
Sábado - 8 de outubro de 2011
Caderno 3
CARIRI
Música em diálogo
Publicado em 7 de outubro de 2011
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Professores do jovem curso de licenciatura em Música da Universidade Federal do Ceará no Cariri partem em missão à Europa para buscar parcerias que ajudem a viabilizar o ensino e a pesquisa acadêmica em meio à diversidade e riqueza da cultura tradicional da região
A tradição dos reisados, dramas, sambas de coco, das bandas cabaçais e dos mestres da rabeca e do pife, são apenas algumas das manifestações seculares que dão um nó na cabeça de quem chega, desavisado ou não, à região do Cariri, que engloba cidades do sul do Ceará - as maiores delas Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha - e ainda dos estados de Pernambuco e Paraíba.
Em fevereiro de 2010, a região ganhou um curso de ensino superior em música - licenciatura do Campus da Universidade Federal do Ceará no Cariri - e com ele um desafio: viabilizar a riqueza da cultura musical popular da região aos moldes formais da academia. E como a tarefa não é fácil, um grupo de professores do curso partiu, nessa semana, em missão à Europa para buscar parcerias com duas universidades tradicionais do continente, a Universidade Nova de Lisboa e Universidade Complutense de Madri, na Espanha.
O coordenador do curso e integrante da comitiva, Márcio Matos, argumenta que as duas universidades tem linhas de pesquisas que podem ajudar no desenvolvimento de projetos do curso e na troca de saberes entre professores e alunos. Ele e os professores Robson Almeida e Weber dos Anjos ministraram, ontem, a conferência "Educação musical, cultura e formação de professores na região do Cariri", em Lisboa.
De acordo com Márcio, a estratégia é apresentar o Cariri e a experiência do curso de música da UFC na região afim de sensibilizar os professores da fertilidade de uma parceria entre os cursos para ambos os lados. "A partir de um convênio, poderíamos trazer professores e alunos que queiram estudar e pesquisar a cultura no Cariri e levar professores e alunos daqui para lá", explica. A parceria, argumenta o coordenador, reforçaria projetos como o Mapeamus, um mapeamento dos grupos tradicionais que está sendo feito na região com a intenção de elaboração de uma enciclopédia. "A Universidade Nova de Lisboa mantem projetos hoje de relevância internacional na área de etnomusicologia.
A chefe deste departamento no curso, Salwa Castelo Branco, é uma das maiores autoridades no assunto", ilustra. Atualmente, segundo Márcio, há menos de 10 doutores nessa área atuando no Ceará. Salwa foi quem articulou a passagem dos professores pela universidade portuguesa. Ela vai ao Cariri em novembro para participar do Encontro de Educação Musical do Cariri, realizado em Juazeiro do Norte, nos dias 22, 23 e 24.
Espanha
A segunda parada da comitiva, no dia 11, será na Universidade Complutense de Madri, onde os cearenses ministram as palestras "Ramos Cotoco e seus cantares boêmios: trajetórias (re)compostas em verso e voz", de Weber dos Anjos; "De volta ao coreto: a música popular brasileira e o ensino de instrumentos nas bandas de música", de Robson Almeida; e "O Baião de Luiz Gonzaga na época do choro no Brasil", de Márcio Matos.
Weber dos Anjos explica que o departamento de musicologia de Madrid tem bastante interesse em pesquisa na América Latina de uma maneira geral. "Nós vamos tentar firmar parceria e convênios no sentido de estabelecer um diálogo. Que esses diálogos, convênios sejam concretizados através da vinda de professores ao Cariri, que possam vir em missão de pesquisa ou para ministrar disciplina em sistema de módulos e levar alunos daqui", detalha Weber.
A professora Victória Eli Rodriguez, do Departamento de Musicologia, da Complutense esteve recentemente no Cariri orientando professores e alunos sobre a forma de fazer pesquisa de campo, entrevista, gravações, organizações. Desafios - O curso de Música da UFC no Cariri conta com duas turmas e oito professores que disponibilizam habilitação em piano, violão, cordas (violino, viola, violoncelo e contrabaixo) sopros (clarinete, flauta, trompete, trombone, tuba e saxofone).
Apesar de estar em funcionamento há pouco mais de um ano, o curso ainda não tem uma estrutura física definitiva (cuja construção, segundo o coordenador, está prevista para iniciar até o fim do ano), dividindo salas com outros cursos e sem contar com equipamentos específicos, como estúdio, teatro, etc. Para Márcio Matos, a falta de estrutura é o maior desafio hoje, mas não impede que busquem por em prática as aspirações de professores e alunos.
"Todos os professores que vieram pra cá fizeram concurso com desejo de ir para região. Eu era professor da Uece, sai e vim pra cá. Dois professores saíram do Rio Grande do Norte. A gente fez com intenção de vir, porque sabe da riqueza e do potencial da região, que ainda tem poucos estudos", argumenta. O curso vem sendo gerido, explica, para atender as necessidades específicas do Cariri. "A gente não quis impor um programa de estudos que viesse a ferir essa realidade", completa Weber.
A tradição dos reisados, dramas, sambas de coco, das bandas cabaçais e dos mestres da rabeca e do pife, são apenas algumas das manifestações seculares que dão um nó na cabeça de quem chega, desavisado ou não, à região do Cariri, que engloba cidades do sul do Ceará - as maiores delas Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha - e ainda dos estados de Pernambuco e Paraíba.
Em fevereiro de 2010, a região ganhou um curso de ensino superior em música - licenciatura do Campus da Universidade Federal do Ceará no Cariri - e com ele um desafio: viabilizar a riqueza da cultura musical popular da região aos moldes formais da academia. E como a tarefa não é fácil, um grupo de professores do curso partiu, nessa semana, em missão à Europa para buscar parcerias com duas universidades tradicionais do continente, a Universidade Nova de Lisboa e Universidade Complutense de Madri, na Espanha.
O coordenador do curso e integrante da comitiva, Márcio Matos, argumenta que as duas universidades tem linhas de pesquisas que podem ajudar no desenvolvimento de projetos do curso e na troca de saberes entre professores e alunos. Ele e os professores Robson Almeida e Weber dos Anjos ministraram, ontem, a conferência "Educação musical, cultura e formação de professores na região do Cariri", em Lisboa.
De acordo com Márcio, a estratégia é apresentar o Cariri e a experiência do curso de música da UFC na região afim de sensibilizar os professores da fertilidade de uma parceria entre os cursos para ambos os lados. "A partir de um convênio, poderíamos trazer professores e alunos que queiram estudar e pesquisar a cultura no Cariri e levar professores e alunos daqui para lá", explica. A parceria, argumenta o coordenador, reforçaria projetos como o Mapeamus, um mapeamento dos grupos tradicionais que está sendo feito na região com a intenção de elaboração de uma enciclopédia. "A Universidade Nova de Lisboa mantem projetos hoje de relevância internacional na área de etnomusicologia.
A chefe deste departamento no curso, Salwa Castelo Branco, é uma das maiores autoridades no assunto", ilustra. Atualmente, segundo Márcio, há menos de 10 doutores nessa área atuando no Ceará. Salwa foi quem articulou a passagem dos professores pela universidade portuguesa. Ela vai ao Cariri em novembro para participar do Encontro de Educação Musical do Cariri, realizado em Juazeiro do Norte, nos dias 22, 23 e 24.
Espanha
A segunda parada da comitiva, no dia 11, será na Universidade Complutense de Madri, onde os cearenses ministram as palestras "Ramos Cotoco e seus cantares boêmios: trajetórias (re)compostas em verso e voz", de Weber dos Anjos; "De volta ao coreto: a música popular brasileira e o ensino de instrumentos nas bandas de música", de Robson Almeida; e "O Baião de Luiz Gonzaga na época do choro no Brasil", de Márcio Matos.
Weber dos Anjos explica que o departamento de musicologia de Madrid tem bastante interesse em pesquisa na América Latina de uma maneira geral. "Nós vamos tentar firmar parceria e convênios no sentido de estabelecer um diálogo. Que esses diálogos, convênios sejam concretizados através da vinda de professores ao Cariri, que possam vir em missão de pesquisa ou para ministrar disciplina em sistema de módulos e levar alunos daqui", detalha Weber.
A professora Victória Eli Rodriguez, do Departamento de Musicologia, da Complutense esteve recentemente no Cariri orientando professores e alunos sobre a forma de fazer pesquisa de campo, entrevista, gravações, organizações. Desafios - O curso de Música da UFC no Cariri conta com duas turmas e oito professores que disponibilizam habilitação em piano, violão, cordas (violino, viola, violoncelo e contrabaixo) sopros (clarinete, flauta, trompete, trombone, tuba e saxofone).
Apesar de estar em funcionamento há pouco mais de um ano, o curso ainda não tem uma estrutura física definitiva (cuja construção, segundo o coordenador, está prevista para iniciar até o fim do ano), dividindo salas com outros cursos e sem contar com equipamentos específicos, como estúdio, teatro, etc. Para Márcio Matos, a falta de estrutura é o maior desafio hoje, mas não impede que busquem por em prática as aspirações de professores e alunos.
"Todos os professores que vieram pra cá fizeram concurso com desejo de ir para região. Eu era professor da Uece, sai e vim pra cá. Dois professores saíram do Rio Grande do Norte. A gente fez com intenção de vir, porque sabe da riqueza e do potencial da região, que ainda tem poucos estudos", argumenta. O curso vem sendo gerido, explica, para atender as necessidades específicas do Cariri. "A gente não quis impor um programa de estudos que viesse a ferir essa realidade", completa Weber.
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