O ano que vem passou ontem lá em casa e disse que o futuro vai ser melhor. Disse que o presente é bom, que é também doído, que o passado pode ter sido ruim, mas que também, certamente, foi bom. Que foi tudo uma mistura. Disse também que o futuro, assim exatamente o será, alternando as horas duras com as horas doces, os dias de subida pedra acima e os dias de descida e de sombra, de horas de alegria, de muitas horas de tédio - mas sempre um pouquinho mais de tédio do que de emoção. E tudo isso, de novo e pra sempre, com a diferença de que, no futuro, nós mesmos seremos uma versão melhorada de nós mesmos. Os nossos defeitos sempre um pouquinho mais “despiorados”.
O futuro disse ontem, que ano que vem a vida virá com menos partículas
de feiura, porque a gente vai estar mais experiente. E que no futuro, a
gente vai estar mais preparado para a beleza já bonita que existe. O ano
que vem tomou um cafezinho com a gente, sentou no sofá, perguntou da
família, ficou sabendo das notícias... Disse que é preciso prestar
atenção no presente, porque o presente é tudo o que a gente tem. Disse
que, bem dizer, o presente é o melhor presente que só ganha quem está
vivo.
Sentado num tamborete na varanda, depois de um silêncio de tanto falar, disse que cuidemos da casa, porque a casa é uma das melhores coisas que temos. Que se dê atenção pro jardim, que se ria na cozinha, se enfeite o quarto e se tome muito banho bom no banheiro, consciente de que o chuveiro é o maior luxo do nosso tempo.
Saiu lá de casa era boca da noite. Findou a visita ontem, dizendo que a casa é pro nosso corpo, o que o nosso corpo é pra nossa alma: reveladora de quem somos, de quem podemos ou de quem conseguimos ser. E que pra tudo tem uma esperança, ainda que a esperança seja fazer as pazes com tudo que a vida nos dá. De modo que o ano que vem saiu ontem lá de casa rindo, dizendo que o futuro está quase presente e que se deve conciliar com o passado. E que no fim do ano ele chega, e que vai estar feliz de nos ver.
Sentado num tamborete na varanda, depois de um silêncio de tanto falar, disse que cuidemos da casa, porque a casa é uma das melhores coisas que temos. Que se dê atenção pro jardim, que se ria na cozinha, se enfeite o quarto e se tome muito banho bom no banheiro, consciente de que o chuveiro é o maior luxo do nosso tempo.
Saiu lá de casa era boca da noite. Findou a visita ontem, dizendo que a casa é pro nosso corpo, o que o nosso corpo é pra nossa alma: reveladora de quem somos, de quem podemos ou de quem conseguimos ser. E que pra tudo tem uma esperança, ainda que a esperança seja fazer as pazes com tudo que a vida nos dá. De modo que o ano que vem saiu ontem lá de casa rindo, dizendo que o futuro está quase presente e que se deve conciliar com o passado. E que no fim do ano ele chega, e que vai estar feliz de nos ver.
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