quarta-feira, 29 de junho de 2011

DA CONCHA - MINHA PÁTRIA.


Minha pátria não é terra mole e peganhenta. É concha, onde nasci.
Na minha pátria o vento sopra onde quiser, os caranguejos não correm na lama dos mangues e as ondas do oceano não molham os meus pés quando sonho.

Eu... nem sonho.

"Minha pátria tem morcegos suspensos no forro das igrejas carcomidas, loucos que dançam ao entardecer no hospício junto ao mar, e o céu encurvado pelas constelações." (LEDO IVO)
Na minha pátria não se pode ouvir os apitos dos navios nem se pode ver o farol no alto da colina.
Minha pátria estende a mão e mendiga por manhãs... tardes e noites radiosas. São estaleiros apodrecidos e cemitérios marinhos onde os meus ancestrais tuberculosos e impaludados não param de tossir e tremer nas noites frias e o cheiro de açúcar nos armazéns portuários de minha memória. (PARÓDIA - LEDO IVO) São como qualquer peixe que se debate na rede dos pescadores de ilusão e os restos de luz na treva, e a chuva que cai em qualquer lugar.

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