Era uma vez
Um tempo de pardais
De verde nos quintais
Faz muito tempo atrás
Quando ainda havia fadas
Num bonde havia um anjo pra guiar
Outro pra dar lugar
Pra quem chegar sentar
De duvidar, de admirar
Havia frutos num pomar qualquer de se tirar do pé
No tempo em que os casais podiam mais
Se namorar
Nos lampiões de gás sem os ladrões atrás
Tempo em que o medo se chamou jamais
Veio um marquês de uma terra já perdida
E era uma vez se fez dono da vida
Mandou buscar cem dúzias de avenidas
Pra expulsar de vez as margaridas
Por não ter filhos, talvez por nem gostar
Ou talvez mania de mandar
Só sei que enquanto houver os corações
Nem mesmo mil ladrões
Podem roubar canções
E deixa estar, que há de voltar
O tempo dos pardais
Do verde dos quintais
Tempo em que o medo se chamou jamais
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