quinta-feira, 21 de abril de 2011

DO POETA VLAD AMED

"A casa, em ruínas e abandonada
é o epitáfio da família nela sepultada."


Posfácio

Tenho o poder de sonhar
Durante o dia
Tenho uma porta que me separa do inferno
Tenho poemas escritos na parede
Tenho sede as margens do oceano
Tenhos fotos da felicidade
Provas do amor em velhas gavetas
Tenho livros e discos
Que não me deixam sozinho
Tenho vontade de gritar
De sobrevoar minhas ruínas
Tenho o espírito no ermo crucifixo da montanha
Tenho um jardim de areia e sedimentos
Tenho sentimentos perdidos
Flor, sem rouxinol
Tenho um lugar no passado
Para ver o pôr do sol
Tenho tempo para doar à dor
Um relógio para alegrar meu verdugo
Tenho oníricas divagações à vida
Corpo impoluto para os vermes
Tenho frio no coração
Braços vazios
Tenho a luz do luar e a sombra do dia
Tenho uma corda sobre o abismo de Nietzche
Uma ilusão domesticada pela alegria
Tenho tudo que posso vislumbrar
Entre paredes de meu cláustro
Tenho as chaves do portão
Estrelas no telhado
Tenho a tua ausência
E tudo que preciso
Para desistir de tudo.


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